Não deixa de ser
curioso que os mesmos que (bem) tanto denunciaram a ignorância histórica
norte-americana nos recentes conflitos no Médio Oriente procurem agora
caucionar um conflito entre a Rússia e a (Des)União Europeia a propósito da
Ucrânia. O que a Europa deveria ter dito à Ucrânia era simplesmente isto:
“Vocês têm que manter uma boa relação com a Rússia”. Em vez disso, criou uma
ilusão (como já havia feito com a Turquia…) que, essa sim, pode ter
consequências bem desastrosas para os ucranianos. Ou alguém esperaria que a
Rússia ficasse de braços cruzados perante o assédio europeu à Ucrânia?
Os únicos que, entre
nós, parecem ter percebido isso foram os comunistas, ainda que pelas piores
razões. O Partido Comunista Português, pelos vistos, nunca se libertará da
ilusão de que a Rússia é ainda a União Soviética e, por isso, defendê-la-á em
todas as circunstâncias. Tal como aquelas pessoas com um membro amputado que
continuam a “sentir” esse membro, o PCP continua a agir como um “braço armado”
de um corpo que já não existe. Já não há imperialismo soviético, nem sequer um
“farol” – agora, há simplesmente imperialismo russo. E, se queremos realmente
paz na Europa, importa respeitá-lo. Não é razoável esperar que a Rússia abdique
da sua hegemonia em territórios em que uma parte substancial da população (e só
na Crimeia são cerca de dois terços…) é russófona. É assim tão difícil perceber
isto?
Renato Epifânio (membro da Coordenação Nacional do +D)
Os
textos de opinião aqui publicados, se bem que da autoria de membros dos
órgãos do +D, traduzem somente as posições pessoais de quem os assina.
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